quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O glamour em contraste com a competência: profissão repórter

A comunicação como forma de mudança atrai os jovens


“O jornalismo é a arte e a ciência de contar a realidade”, diz Alberto Dines, criador do site Observatório da Imprensa, no início do debate, aberto ao público, que aconteceu na 21ª Bienal do Livro de São Paulo, com o tema “Para Ser Repórter”. Contando também com a participação de Caco Barcellos, Raphael Prado, que participa do programa Profissão Repórter, e Lílian Romão, criadora da revista Viração, a mesa discutiu a importância dessa profissão que, ao passo que celebriza o indivíduo, tem que ser cuidadosamente executada.


A grande mídia não dá
espaço para os novos
comunicadores


Caco no debate “Para Ser Repórter”
Segundo Caco Barcellos, o trabalho do jornalista é observar a realidade e proporcionar diversas interpretações a seu interlocutor. Ao criar o programa Profissão Repórter, exibido pela Rede Globo, sua intenção era obter o envolvimento dos jovens, novos nessa carreira – pois acredita que são eles que aproximam o público das histórias apresentadas, sob olhares diferentes. Este é um exemplo da participação de novos comunicadores na grande mídia, a qual se encontra, cada vez mais, de difícil acesso para eles. “Os maiores meios de comunicação parecem ser fechados para quem acabou de se formar, parece que acham que nós não vamos nos adaptar a essa imposição de fazer notícia da maneira deles”, comenta Julio Medeiros, 20 anos, estudante de jornalismo.


Com a grande formação de novos jornalistas, a concorrência é muito alta para se conseguir um emprego na área – ainda mais com a não-exigência do diploma atualmente, quando ocorre a ocupação de vagas por aqueles que não frequentaram alguma faculdade de comunicação para se especializar na área. A influência dos telejornais, os quais exibem repórteres, inclusive aqueles que são correspondentes internacionais, acaba por instigar as pessoas a querer aparecer na televisão, sem o compromisso de fazer boas reportagens, de relevância para a sociedade e com o empenho jornalístico adequado.


Raphael Prado, Caco Barcellos, Alberto Dines, Armando
 Antenore, Lílian Romão e Simone debatem a profissão

“Acho que os grandes veículos de informação não estão interessados na dedicação do estudante de comunicação em realizar um jornalismo fiel”, diz Maria Fernanda Dias, 22 anos, estudante de jornalismo. E, de fato, parecem não estar mesmo. Um jornalismo “fiel”, como caracterizado pela aluna, remete à ideia de notícias imparciais e de importância social para a população. Não é o que acontece ao tornarem-se notícias de capa de jornais, muitas vezes, assuntos relacionados à novelas que estão em exibição nos maiores veículos midiáticos.

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